Espaços pequenos como moradia foram sendo configurados nas últimas décadas como uma resposta à demanda de famílias cada vez mais reduzidas. Se antes nós nos deliciávamos com avós, tios, primos, irmãos e pais morando em uma mesma casa (geralmente ampla, com área externa e cômodos maiores), atualmente a realidade nos presenteia com jovens casais sem filhos, mães com filho único, idosos que prezam por sua independência, pais solteiros e outras configurações de família.

Essa realidade não significa que as moradias são apenas depositários de pessoas apressadas e que não valorizam o tempo juntos. Se grande parte da população economicamente ativa ainda não resgatou antigos hábitos de convivência, uma outra parte está redescobrindo as delícias de passar mais tempo em casa, encontram prazeres  no cuidado do seu espaço e valorizam o lar como local privativo, pessoal e base da dinâmica da personalidade individual.

Um caso para contar

O apartamento que eu gostaria de mostrar a vocês se encaixa neste perfil. Com pouco espaço e uma necessidade de torná-lo aconchegante e com a personalidade do dono, fizemos tudo para que ele sentisse a sensação de chegar em casa e pensar “estou em casa”. Não há nada tão opressor do que morar em um local impessoal, dando a impressão de que logo você terá que deixar aquele lugar.

O proprietário, um jovem estudante de medicina, precisava de uma residência compacta mas que pudesse atender as visitas semanais da família, que tem negócios em Ribeirão Preto. Com as visitas frequentes, a sala se transforma em um quarto de casal (através do sofá cama confortável que não tem cara de sofá cama).

Quando o projeto para este apartamento chegou ao meu escritório, não pensei duas vezes: vamos derrubar aquele grande mito que diz que existem técnicas de ampliar ou reduzir espaços. Grande parte dos profissionais da área tende a criar regras como esta, mas repito sempre aos meus alunos que condições de iluminação, partido arquitetônico, localização interferem tanto num espaço que é difícil falar que isso ou aquilo deixam o espaço maior ou menor.

O apartamento tem uma área total de cerca de 50m².

Ideias aplicadas na prática

Algumas estratégias foram adotadas para a transformação deste apartamento em um verdadeiro lar. Veja como foi a parte prática que envolveu desde tons escuros, passando por utilização de espelhos e flexibilidade nos móveis!

1)    Tons escuros

Neste projeto, utilizamos cores mais escuras. Ao contrário do que muitos pensam, elas pode gerar profundidade e horizonte ao espaço.

2)    Aproveitamento das paredes

Muitos quadros e objetos na parede em composição também podem ampliar o espaço, não reduzi-lo. Dessa forma, cria-se cenário, cria-se plano de fundo… e o que normalmente pensamos é que muitos elementos poluirão o espaço. Planejando bem esta parede, ela se tornará também um grande mural de lembranças boas e inspiração.

3)    Reflexo

Espelhos são os mais velhos aliados nesse sentido, já que realmente ampliam o espaço. Não tenha medo, seu apartamento não vai ficar com cara de motel, a menos que se coloque no teto! Podem ser do chão ao teto, alinhado com um móvel, na porta de armários, como revestimento, emoldurado.

Superfícies reflexivas também são bem vindas. Vidro (atualmente tem os “reflectas” em diferentes tonalidades), laca, fórmica.

4)    Integração

Procure não setorizar muito os ambientes. Faça com que eles “conversem” entre si, isto é, crie elementos de integração entre os espaços. Ou, ainda, pense no espaço como uma coisa só.

5)    Cada cantinho conta

Explorar a verticalidade ajudará a encontrar espaço para acomodar e guardar objetos, decorar e até mesmo criar elementos estéticos interessantes no ambiente. Caixas rentes ao teto, prateleiras superiores, nichos verticais são exemplos de como sua casa pode ficar bonita, funcional e deixar tudo à mão de forma organizada.

6) Saiba os limites da sua casa

Acabou de se mudar e está tentando levar tudo o que tinha na outra casa? Calma. Não tente colocar o que não cabe. Se não puder usar um sofá, por que não investir num lindo banco ou numa confortável poltrona? Pense diferente, não precisa seguir receita para o layout do seu aparamento pequeno.

7)    Na cozinha

Eletrodomésticos devem ter tamanho proporcional ao ambiente. Quanto menos divisórias internas nos armários, mais peças são acomodadas. Priorize apenas prateleiras, gavetões e nichos multiuso. Se não couber mesa (a maioria tem balcão ou integra-se ao restante do apartamento), contente-se com um banco ou banqueta  alta no balcão ou numa prancha de apoio.

8)    Apostando nos multifuncionais

Atualmente, existem uns aparadores que viram mesa muito práticos, mesas que se encaixam no sofá servindo de office ou até mesmo para as refeições. Que tal escolher móveis práticos assim bem bacanas para deixar tudo ainda mais prático?

9)    Recebendo os amigos

O velho sofá cama ainda é ótima solução para receber alguém com economia de espaço e conforto. Fique atento à qualidade, tem muitos que são descartáveis. Opção: colchões dobráveis, revestidos com capas coloridas e estampadas.

10) Descansando

Coloque uma cama na medida adequada para o seu peso e altura. A variedade de modelos no mercado hoje permitem maleabilidade como um box auxiliar embaixo, cama de solteiro que vira de casal, camas verticais que viram estante (estas, muito usadas na Europa, são excelentes para quando dormitório e sala são integrados).

Apesar destes tópicos interessantes e transformadores, um lar se configura com vários outros elementos, ainda mais particulares. Aqui, só demos algumas sugestões do que pode ser feito no âmbito da decoração de interiores. Um lar vai muito além de técnicas de ambientação. O que vai dentro da casa é o verdadeiro recheio de uma moradia sadia e que mereça ser chamada de “minha casa”.

E você, tem sugestões ou já transformou algum espaço em um cantinho super pessoal e com a sua cara? Conta pra gente lá na nossa fan page!