Casa Cor 2016: Ambientes mostram novas formas de viver e consumir

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Por mais um ano, estive na Casa Cor São Paulo, a maior mostra de arquitetura, decoração e paisagismo das Américas. A 30ª edição do evento aconteceu em um dos espaços mais icônicos de São Paulo, o Jockey Club que contou com uma novidade: este ano, a mostra utilizou o prédio do Ambulatório do Jockey. Construído no início do século 20 pelo arquiteto francês Henri Paul Pierre Sajous, o prédio foi restaurado para uso da Casa Cor e, a partir de 2017, será entregue para uso do Jockey Club.

Bom, nossa visita foi cheia de surpresas e é sobre elas que falo no post de hoje. Esta foi a menor mostra (em tamanho de espaço e número de profissionais participantes), o que está longe de ser algo negativo. Por ter sido mais compacta, os visitantes puderam observar e absorver cada ambiente com calma, aprendendo e compreendendo conceitos, muitas vezes, bastante subjetivos. Ganhamos todos: menos saturação visual para apreciar a fundo.

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As paredes sumiram

Derrubar paredes já era uma tendência de pequenos espaços. Agora, parece que veio pra ficar, estão derrubando as paredes MESMO! Além da integração dos espaços, a exposição ganhou importância na elaboração de projetos de interiores. Banheiros sem porta, quartos integrados com cozinhas, espaços interligados e aquela sensação de que todos os cômodos fazem parte de um espaço só. Interessante.

Além disso, as paredes que restaram ganharam muito acabamento: texturas, tramas e estampas tomaram o lugar da simplicidade das paredes pintadas.

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A volta dos anos 1990

Lembra daqueles móveis na casa dos nossos pais com detalhes em metal? Pois é, as chapas de metal voltaram com tudo e trouxeram uma releitura do mobiliário dos anos 1990. Detalhes brilhantes dialogam com materiais rústicos, conseguindo uma improvável leveza. Além disso, o próprio mobiliário passa a remeter às décadas anteriores: sofás redondos estão de volta (lembra deles?), com design exótico e um pouco de exagero que é bem vindo em uma época carente de formas ousadas.

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Bom humor

O lúdico está por toda parte. Em objetos de design, nas paredes, nos móveis, nas cores. Os ambientes ficaram menos sisudos e foram entregues à descontração, o que é muito positivo. Uma característica marcante destes ambientes foi a exposição do que antes ficava escondido. Roupas estão expostas em armários abertos, na cozinha, utensílios mostram seu brilho dependurados à vista de todos. Nada de colocar as panelas dentro da gaveta.

Talvez, esta seja uma tendência intimamente ligada a um novo movimento de consumo: o Lowsumerism, que prevê mais consciência e menos impulso na hora de comprar. A consequência é diminuir o consumo e fortalecer a ideia de que “menos é mais”. Com menos nos espaços, a exposição passa a ser positiva e bem-vinda em muitos casos.

Muitos espaços também assumiram as próprias vigas do Jockey Club, expondo a crueza do local e eliminando forros e revestimentos no teto. O resultado ficou incrível e valorizou a estética original do local, que é maravilhoso por si só.

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Arte por todo lado

Nas salas, nos quartos, nos espaços sociais. A arte está em todo canto em formato de galerias caseiras. Isso me deu uma alegria tão grande porque sempre foi uma das minhas principais apostas nos projetos de decoração. Gravuras, quadros, objetos, ilustrações e muita fotografia, que vem já há alguns anos ganhando status de obra de arte diante do mercado artístico. Muitos elementos, diagramações de parede diversificadas, ousadas, nada certinho. O caminho é misturar e buscar novas formas de olhar a arte.

As impressões foram estas. Espero que tenham gostado e fica a dica: quem tiver a oportunidade de ir a alguma Casa Cor, vá! A mostra é inspiradora!

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Destaques

A Casa Braile (Leo Romano)

A Casa Vagão (Leo Shehtman)

A Casa do Futuro (Guilherme Torres)

“Em uma década, a internet das coisas estará cada vez mais presente. Tudo irá estar conectado e a tecnologia fará com que o mundo se torne mais funcional. Claro, existe um tempo para que alguns produtos se popularizem. Quando uma tecnologia é lançada, ela atinge um público e, com os anos, chega a outras camadas da sociedade. É como o celular, antes restrito apenas a uma camada mais rica e hoje popular. Na cozinha, irá acontecer o mesmo”, DEPOIMENTO DO GUILHERME TORRES PARA A REVISTA CASA CLAUDIA

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*Vinícius de Mello viajou a convite da Ornare / Grupo Robusti. Antes da visita à Casa Cor, também participamos de um treinamento oferecido pelos patrocinadores. A eles, nosso muito obrigado!