A bagunça da vida: matéria-prima para um projeto no Jardim Paulista

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Varanda do apartamento de 135m², no 6º andar.

Quando conheci a Joana, psicóloga e redatora, não imaginava as surpresas que estavam por vir. Conhecendo seu estilo de vida e suas expectativas em relação ao futuro projeto de design de interiores, percebi que se tratava de uma alma livre que não se preocuparia com o parecer. Somente o ser importou neste trabalho.

O apartamento no Jardim Paulista, um dos bairros mais tradicionais de Ribeirão Preto, já era um universo que ficava com as portas escancaradas. Lá, ela e Márcio, seu companheiro, esperavam ansiosos semanalmente pelos amigos que chegavam. Sempre muitos. Sempre movimento, muita bagunça.

E quando falamos em bagunça, é comum pensarmos em desorganização. No caso de Joana que, aos 53 anos, esbanja uma saúde emocional invejável, a bagunça era estilo de vida que proporcionava o novo a todo o momento. E a casa do casal era onde o novo acontecia. Ali, nunca ninguém teve medo de mexer na ordem das coisas, de reformar, de experimentar, de misturar. Ótimo, adoro gente desapegada.

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Dependendo do humor, troca a luz na sala de jantar!

Conversando com a cliente, percebi como era feliz a relação dela com o seu lar. “As pessoas têm que estar confortáveis na roupa que vestem, no cabelo que têm. Algumas cabeleireiras já me fizeram ter o cabelo liso. Não adianta, sou essa bagunça, nada simétrica, eu gosto do movimento, da desorganização, de vez em quando você precisa se desorganizar de uma outra forma, né? Porque quando tudo é muito arrumadinho, sempre daquele mesmo jeitinho, parece que nada cabe de novo”.

Os passarinhos, que emolduramos nos quadros da parede da sala, acabaram explicando muita coisa.

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A bagunça que acolhe

Usamos a bagunça como matéria-prima para o projeto. A intenção foi deixar o apartamento como se a própria Joana o tivesse decorado, com suas preferências cheias de oposição e referências de todo canto.

Elementos étnicos ganharam espaço junto a vasos portugueses, estampas florais, objetos vintage, muita madeira e tons quentes.

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A ideia de aconchego foi tomando forma e, no final das contas, todos os espaços se tornaram especialmente convidativos, até mesmo os privados. Mas sabe, a Joana já tem um jeito doido de lidar com os espaços conjuntos e individuais, então ficou tudo bem.

O espaço projetado possibilitou que os moradores sejam quem realmente são. Os cômodos e elementos foram planejados de forma a atender as necessidades individuais, mas também para serem possíveis de compartilhamento. Missão cumprida.

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A Joana e o Márcio dormem em quartos separados. Esse foi o jeito que o casal encontrou para preservar a individualidade de cada um. E o que parece “distância” acabou unindo mais os parceiros. “Ele toma banho no meu banheiro e eu durmo no quarto dele, é a coisa mais engraçada. Às vezes eu tô lá no meu banheiro e ele bate, falando que quer tomar banho também.”

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E quando perguntamos por que ela nos escolheu para cuidar do seu ninho, parece que tudo se encaixou.

“Tem que ter um dedo profissional, mas sem descaracterizar nossa personalidade, porque esse é o nosso jeito, a coisa rústica, é mesa que quanto mais marcada, mais bonita fica, sabe? Eu gosto da casa usável.  Quem vem chega entrando, sentando, é tudo feito ao vivo e a cores, nada muito arrumadinho, entendeu? É casa com alma. Eu ia nas mostras de decoração e quando via, os espaços que eu mais tinha gostado eram do Vinícius. É como ir numa loja e se identificar com a marca”.

As nossas bagunças se encontraram e tudo fluiu perfeitamente, da concepção à execução.

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Corredores com alma.

Obrigado, Joana, pela experiência inesquecível. Vida longa à bagunça dessa vida!